segunda-feira, 18 de abril de 2011

ANÁLISE - Governo quer aperto, mas bancos estatais mantêm crédito

Governo e bancos estatais se entenderam muito bem quando a ordem foi aumentar a oferta de crédito no imediato pós-crise, mas não parecem estar dançando a mesma música agora que o principal desafio do país passou a ser ameaça inflacionária.
Publicamente, o discurso de que o crédito para o consumo esfriou no começo de 2011 está alinhado. Na prática, porém, os bancos oficiais mantém a ofensiva para ganhar market share.
"Tem essa queda-de-braço entre inflação e crescimento. Mas os bancos do governo têm uma ordem interna para continuar pisando no acelerador", disse Carlos Daniel Coradi, presidente da Engenheiros Financeiros & Consultores.
Desde 2008, quando o governo orientou os bancos estatais a ampliar a concessão de financiamentos para tentar debelar os efeitos da crise global, a participação do setor no crédito do sistema subiu de 34 para pouco mais de 40 por cento. Nesse meio tempo, a Caixa tomou do Santander Brasil a quarta posição no ranking dos maiores bancos por ativos no Brasil.
Agora o governo, em meio à pressão persistente dos preços que estão levando as perspectivas para o IPCA de 2011 para perto do teto da meta oficial de 6,5 por cento, vem desde dezembro batalhando para esfriar o ritmo da economia, principalmente com medidas para diminuir a concessão de financiamentos, notadamente os voltados a pessoa física.
"Tem uma verdadeira volúpia entre os bancos por empréstimos ao varejo", disse um analista do setor bancário, sob condição de anonimato, avaliando que ainda há demanda forte por crédito devido ao aumento da renda das famílias nos últimos anos.
Nesse contexto, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil têm mantido as perspectivas de expansão de suas carteiras de financiamento para 2011 na casa de 17 a 30 por cento, em níveis acima da faixa de até 15 por cento pretendida pelo governo.

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